Afrika Gumbe - Afrika Gumbe


ELDORADO
Brasil / Latin / Exotica
New Vinyl
LP (GAT) / 16.50 EUR / Sales

O Afrika Gumbe surgiu na capital do Rio de Janeiro, em 1978, com o nome de Afrika Obota. Entre seus integrantes haviam imigrantes africanos e músicos brasileiros que desenvolviam pesquisas e estudos com ritmos da África. Dentre eles o baixista Pedro Leão e os irmãos Marcos e Marcelo Lobato, todos músicos de apoio de bandas conhecidas dos anos 80, como os Robôs Efêmeros (que acompanhavam Fausto Fawcett), além de Fábio Fonseca, Fernanda Abreu dentre outros. Os irmãos Lobato em 1993 se reencontrariam n’O Rappa e atingiriam sucesso comercial e de público, entretanto seu trabalho mais conceitual e instigante está aqui, no primeiro álbum do Afrika Gumbe.
            O disco pega uma carona não intencional na fase de re-absorção da cultura musical africana pela música brasileira, que pouco antes explodiu na Bahia com os ritmos que originaram a Axé Music. Momento em que a mídia especializada internacional relacionou os vários estilos da música africana num mesmo balaio chamado World Music. Foi a fase de desvendar raízes e prever o futuro, sociólogos afirmaram que o futuro da música era negra. O DJ, fotógrafo e produtor Maurício Valladares fomentou o projeto de aproximação entre Brasil e o continente africano ao propor a edição nacional de discos de nomes populares do berço da humanidade. Lá fora o Afrobeat era reconhecido pelas suas qualidades musicais e não pela visão ocidental que caracteriza determinada música como étnica. Um bom momento para o Afrika Gumbe engenhar seu primeiro disco.
             Além de conter um notável trabalho de pesquisa sonora, o primeiro álbum do Afrika Gumbe é também uma pesquisa linguística, afinal os seus integrantes foram estudar o dialeto nigeriano Yoruba (Iorubá) para escrever letras. Os temas, cuja tradução nunca saberemos, são embalados por ritmos populares como a Juju Music, Gumbé e o Afrobeat, aqui revestido de Afropop. Os vocais são bem cuidados e não fosse pelas informações da ficha técnica a música do Afrika Gumbe seria facilmente consumida como um produto legitimamente africano. A falta de fotos no projeto gráfico alimenta ainda mais a sensação de que isso não pode ter sido feito por uma banda brasileira. Aqui o projeto gráfico é ótimo, sem letras, mas com quadrinhos no encarte e capa desenhadas por Tarso Pessurno.
           O álbum sem titulo lançado pela gravadora paulistana Eldorado foi bem recebido pela mídia especializada, mas não chegou ao público. O caráter pouco comercial do disco levou o Afrika Gumbe a um hiato de 23 anos até a reformulação da banda e da proposta sonora que originou seu segundo disco, “Meu refrão inquieto”, dessa vez com letras somente em português.
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